Zumbidos

Escrito por Raquel Martins

“Para avaliar um zumbido persistente pode ser feita uma quantificação da capacidade auditiva através de testes com diapasão e/ou audiograma, ou caso haja necessidade a observação por um otorrinolaringologista.”

Quantas vezes já se sentiu perturbado por um som contínuo na sua cabeça parecido com um chiar, quando na verdade, tudo à sua volta estava em silêncio? Esse fenómeno, conhecido em termos médicos por “tinnitus” ou acufeno, é vulgarmente chamado de zumbido e é mais comum do que se imagina, podendo tornar-se um grande incómodo.
Os zumbidos são queixas muitos frequentes que levam os doentes a procurar o seu médico de família. Apesar de frequentemente associados a insónias, náuseas ou tonturas, os zumbidos não costumam sinalizar problemas médicos de gravidade. No entanto, podem causar incómodo suficiente para interferir nas atividades da vida diária de uma pessoa, com grande impacto na sua qualidade de vida.
Podem ser descritos apenas num ouvido (o mais comum) ou em ambos, dentro ou à volta da cabeça. O som é frequentemente descrito como um chiar, toque ou assobio, podendo este ser contínuo, intermitente ou pulsátil.
A causa pode ser o simples acumular de cerúmen no ouvido, um corpo estranho ou o efeito colateral de um medicamento, como por exemplo da aspirina, do ibuprofeno, da furosemida ou de alguns antibióticos. O envelhecimento natural, enxaquecas, traumas acústicos resultantes de exposição prolongada a ruídos intensos e até alterações súbitas de pressão, como acontece em viagens de avião ou mergulhos, também podem ser responsáveis.
Para avaliar um zumbido persistente pode ser feita uma quantificação da capacidade auditiva através de testes com diapasão e/ou audiograma, ou caso haja necessidade a observação por um otorrinolaringologista.
O tratamento dos mesmos pode passar pela correção da perda auditiva (por ex. com uma prótese) ou pela retirada ou substituição de algum medicamento. Também se recomendam medidas não farmacológicas, como a evicção de substâncias estimulantes (cafeina, nicotina…), ter um sono descansado e reparador ou ter por perto dispositivos que produzam ruido branco, como o rádio com estática ligado à noite. Todas estas medidas mostram ter um impacto na melhoria dos sintomas.
Por isso, um zumbido não tem de tomar conta da sua vida! O seu médico de família está aqui para ajudar!

* Médica interna de Formação Especializada em Medicina Geral e Familiar na USF “A Ribeirinha”

N.R.: A rubrica “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da USF “A Ribeirinha”, da Unidade Local de Saúde da Guarda, e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda. O objetivo desta coluna mensal é capacitar a comunidade a fazer parte integrante do seu processo de saúde/doença, motivando-a para comportamentos de vida saudáveis e decisões adequadas. Para tal, serão escolhidos temas pertinentes que serão apresentados por ordem alfabética, daí a designação “ABC Médico”

Sobre o autor

Raquel Martins

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