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Reorganização das urgências não “mexe” com a Guarda

Sousa Martins mantém Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica, assim como a Covilhã e Castelo Branco

Apesar da reorganização das urgências proposta pelo Ministério da Saúde, o Hospital da Guarda vai manter a qualificação de Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC), uma situação «positiva» para Luís Ferreira, director clínico do Sousa Martins. O médico assegura que a alteração que está a ser preparada «não afecta a qualidade do serviço», não tendo havido «surpresas» nesta reestruturação: «Era o que esperávamos», disse, garantindo que a Guarda não perderá nenhuma especialidade nas Urgências. «Vai manter-se exactamente na mesma», assegura.

O relatório encomendado pela tutela, disponível no site do ministério, “Portal da Saúde”, foi apresentado por Correia de Campos à Associação Nacional de Municípios Portugueses, ficando em discussão pública durante o mês de Outubro. A reorganização proposta por 11 especialistas deverá começar a ser executada no início do próximo ano, de uma forma escalonada no tempo, e em «conjugação com outras acções complementares ligadas a acessibilidades e à requalificação de recursos humanos e materiais», noticiou a Agência Lusa. A proposta apresentada prevê a criação de uma rede com três tipos de serviços de urgência – Serviço de Urgência Básica (SUP), Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e Serviço de Urgência Polivalente (SUP) –, num total de 83 serviços. Na região Centro, a rede estabelece três SUP (Hospitais da Universidade de Coimbra, Centro Hospitalar de Coimbra e Hospital de S. Teotónio), oito SUMC (Guarda, Castelo Branco, Covilhã, Centro Hospitalar de Caldas da Rainha, Aveiro, Santa Maria da Feira, Figueira da Foz e Leiria) e 15 SUB, entre os quais se encontram os centros de saúde de Vila Nova de Foz Côa, Sertã e Idanha-a-Nova. De acordo com o documento, é ainda proposto o encerramento de sete serviços de Urgência, um dos quais o do Fundão.

O aumento do número de pontos da Rede de Urgência em relação aos actuais 73 é conseguido porque os existentes considerados são apenas hospitalares e, apesar do encerramento previsto de 14 urgências hospitalares, são integrados na rede os serviços de atendimento urgente reconvertidos de 24 centros de saúde. Preconiza-se ainda que a «centralização das urgências deve pressupor a criação de mecanismos de mobilidade de recursos humanos por forma a garantir a integração de equipas médicas nas urgências que permanecem em funcionamento». Por outro lado, embora a reorganização tenha como objectivo fazer com que um serviço de urgência fique, no máximo, a 30 minutos de distância da população servida (45 minutos no caso de uma urgência polivalente), os especialistas assumem que, devido a limitações demográficas e geográficas, um milhão de portugueses vai demorar mais a chegar a estas unidades . «As metas são propostas para 90 por cento da população, não sendo possível consignar objectivos idênticos em todo o território», pode ler-se no documento.

Câmara do Fundão constitui comissão de peritos

Para contestar fecho das Urgências do Hospital local

A Câmara do Fundão vai constituir uma comissão de peritos locais para estudar os fundamentos técnicos do relatório que defende o fecho das urgências no hospital da cidade, anunciou o presidente do município. «Acredito que do ponto de vista técnico o relatório tem incorrecções em relação à nossa região», disse Manuel Frexes, para quem «os dois principais critérios que tiveram em conta foi que o serviço de Urgências do Fundão não tem 150 atendimentos por dia e está próximo da Covilhã». Mas o autarca até acha que o hospital local «anda perto daquele número de atendimentos, mas, ainda mais grave, é que há aldeias muito afastadas da sede de concelho e que vão ficar a uma hora ou mais da Covilhã», realçou.

«Vou constituir uma comissão de peritos aqui na região que estudem esses e outros fundamentos técnicos. Vamos para a discussão pública, contestar esta decisão e vamos mostrar porquê, com dados concretos», sublinhou o autarca. Manuel Frexes disse esperar que a comissão possa apresentar um documento final dentro de três semanas. Além dos aspectos técnicos, para o autarca subsiste a questão política. «Quais são os sinais que o Governo está a dar ao interior e ao país, com o encerramento dos serviços públicos de proximidade?», questiona, exemplificando com o fecho de «escolas, tribunais, maternidades, urgências e outros serviços públicos». O presidente da Câmara pergunta mesmo se «o Governo quer fechar o país» e afirma que todos os partidos, «incluindo o PS», estão unidos, no Fundão, contra o fecho das urgências. «Na última Assembleia Municipal aprovámos por unanimidade uma moção contra o encerramento», recordou.

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