Não tenho por hábito comentar o Editorial de O INTERIOR, que leio atentamente, tanto mais que sendo uma “rubrica” de opinião deverei respeitá-la, podendo ou não concordar com o que está exposto.
Mas desta vez vou comentar, não por discordar do que escreveu o diretor de O INTERIOR, Luís Baptista-Martins, na última edição, mas porque o assunto dos transportes urbanos, a mobilidade das pessoas tem requerido, da minha parte, uma especial atenção, principalmente no concelho da Guarda.
Durante anos e anos (retratando mesmo muitos e muitos anos) o Estado “investiu” nas redes de transportes urbanos de Lisboa e do Porto, a exemplo disso temos os STCP (no Porto) ou a Carris e Metro (em Lisboa), criando uma rede aceitável para a mobilidade dos habitantes nessas regiões. Enquanto isso, o interior, que ainda continua a ser assim, foi o parente pobre, havendo locais, durante muitos e muitos anos, sem o mínimo de uma rede de transportes urbanos, contentando as pessoas com uma Rodoviária Nacional.
Vem a Ministra que V. Exa. refere no seu Editorial referir que os municípios, as CIM, têm que fazer investimento em redes intermunicipais de transportes contribuindo, assim, para a coesão territorial. E muito bem.
Mas eu iria mais longe, é preciso um compromisso do Estado (ou Governo) para repor a justiça do investimento em redes de transportes públicos, permitindo que os concelhos do interior criem estruturas que promovam a mobilidade. Não basta enviar dinheiro para passes, é necessário ter a coragem de criar um fundo de investimento (quiçá, via PRR ou 2030) que leve os municípios e as CIM a investirem em equipamentos de transporte e a criar as redes.
Nuno Laginhas, Guarda
* Título da responsabilidade da redação