Os espanhóis da Lacteos Cobreros escrituraram, no início desta semana, a aquisição da Lacticínios da Marofa, encerrada desde Novembro em Figueira de Castelo Rodrigo. Tudo indica que a reabertura da fábrica aconteça em breve, estando agendada para terça-feira uma reunião na Câmara local onde os novos proprietários poderão apresentar um projecto de investimento para mais uma torre de secagem de soro, soube “O Interior”. É um epílogo feliz tornado possível com o acordo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), um dos principais credores da empresa, cujas contrapartidas são por enquanjto desconhecidas.
A “boa nova” tinha vindo a espalhar-se na vila desde Agosto, quando se soube do interesse do grupo espanhol, radicado na zona de Zamora, pela Lacticínios da Marofa. É que, após o fecho da empresa, surgiram três propostas de aquisição, uma dos Açores e duas espanholas, mas só uma destas levou o negócio até ao fim. Há praticamente um ano que a autarquia tem alertado para a importância da agro-indústria num concelho com cerca de 30 mil ovelhas, havendo necessidade de escoar «leite de qualidade, transformando aqui e produzindo valor acrescentado para o concelho», sublinhou o presidente. «Caso não houvesse uma fábrica em Figueira, que necessita de muitos litros de leite, estaríamos sujeitos aos preços dos vendedores espanhóis e da Serra da Estrela», salientou António Edmundo, que sempre sustentou que a fábrica tinha «viabilidade», dado possuir «mercado, produto, saber fazer e uma mão-de-obra qualificada». Contudo, a sua continuidade estava dependente de investidores que «ousassem manter este projecto que durante 40 anos laborou e escoou produtos da nossa terra».
A Lacticínios da Marofa, fundada em 1964, produzia queijos de ovelha, cabra e vaca, nas qualidades de prato, flamengo e barra. Na altura em que encerrou, a edilidade chegou a mostrar-se disponível para pagar antecipadamente o produto produzido e colocá-lo no mercado através da empresa municipal Figueira Verde. Só que esta intenção revelou-se insuficiente, de acordo com a gestão operativa da fábrica. Na altura, António Edmundo salientou também que a empresa tinha sido alvo de um «grande investimento» de modernização há quatro anos atrás: «Estamos a falar de uma fábrica moderna, com equipamentos de ponta, graças a fundos comunitários e apoios do Governo. Não é uma fábrica obsoleta», sublinhou.