Arquivo

«Os habitantes da aldeia olham para o museu com grande orgulho»

Cara a Cara – Entrevista

P – Como estão a decorrer os primeiros tempos do Museu dos Meios? Têm tido muitos visitantes?

R – Neste momento, o que posso dizer é que temos tido alguma afluência de visitantes que procuram o nosso museu. O único problema que tem havido é que ainda não temos um profissional lá colocado, porque, neste momento, a Câmara Municipal está em fase de concurso público para o profissional que irá ficar no museu a receber os turistas e como tal temos tido alguma dificuldade em arranjar alguém que acompanhe essas visitas. No entanto, temos tido voluntariado de algumas jovens dos Meios que o têm feito.

P – O modelo de gestão já está definido? Qual é?

R – O modelo de gestão vai partir agora para concurso público, na colocação de um profissional de recepção e guia do museu. Por outro lado, vai estar permanentemente um artesão a tecer e durante esse período iremos ter a visita acompanhada por um profissional e um tecelão a produzir ao vivo a manta.

P – Qual a importância do projecto para a aldeia?

R – É enorme. Nós já estamos a ter as repercussões da inauguração do museu, a aldeia começa a ser muito mais badalada, muito mais visitada, começa a tornar-se um ponto turístico e as pessoas começam a deslocar-se para visitar os Meios, que até aqui poderia não ter uma grande forma de atracção. Os habitantes da aldeia olham para o museu com grande orgulho. A maior parte das pessoas tem a sua identidade ligada à tecelagem, quer seja em forma de pastoreio, quer seja em forma de ainda hoje estarem a trabalhar em empresas têxteis.

P – As expectativas de criar um museu “vivo” estão a ser cumpridas?

R – Neste momento ainda não estão porque ainda não temos o tecelão, portanto ainda não estamos a produzir. Mas é com toda a certeza nossa intenção que isso venha a acontecer brevemente.

P – O curso de formação que se previa no museu já foi iniciado?

R – Ainda não foi iniciado porque ainda não obtivemos resposta se o curso foi ou não aprovado. No entanto, temos esperança que venha a ser aprovado, porque esse projecto é uma mais-valia social, uma vez que é um curso de formação para adultos. É um curso que vai possibilitar às pessoas que não tenham o 9º ano dar-lhe uma formação ao nível do têxtil, ao mesmo tempo que lhes é também concedida essa escolaridade. O principal alvo do curso são as pessoas da freguesia mas, se, por acaso, ainda houver vagas, as pessoas das outras freguesias também terão prioridade.

P – Que outros projectos tem em mente para o espaço museológico?

R –Neste momento, os grandes projectos de arranque são estes. Depois, há outros projectos que poderemos desenvolver dentro do museu, tornando-o mais apelativo. Por exemplo, podemos criar exposições temporárias, utilizar o espaço para que ele possa atrair mais visitantes. Só o museu já é uma mais-valia para que as pessoas possam visitar os Meios, já que é um espaço onde as pessoas irão ter a oportunidade de ver ao vivo como se fazia um cobertor de papa ou uma manta de retalhos. Não é um museu onde nós vamos e estamos a admirar as peças. Ali a intenção é pedagógica, é ensinar. Outro dos projectos que temos, passa também por quando começarem as aulas divulgar o museu junto das escolas da região e também possivelmente na Internet, no site da Câmara da Guarda.

Sobre o autor

Leave a Reply