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Recriação do Cerco de Almeida atraiu multidão

Centenas de pessoas assistiram na manhã do último à batalha travada entre as tropas anglo-lusas e as francesas

Várias centenas de pessoas assistiram na manhã do último domingo à IIª Recriação Histórica do Cerco de Almeida pelas tropas de Napoleão. Entre muitos tiros e explosões, tudo acabou em bem e mesmo os soldados “mortos” no campo de batalha rapidamente se levantaram e continuaram a combater. Esta recriação, inserida nas tradicionais Comemorações da Batalha do Buçaco, foi protagonizada pela Associação Napoleónica Portuguesa e outras associações do género, tendo como pano de fundo a fortaleza e a praça-forte da vila.

Antes da recriação do “combate” propriamente dito, realizou-se uma cerimónia evocativa do Cerco de Almeida, um acto formal de homenagem por parte do Exército Português aos mortos naquela batalha. Na ocasião, o Coronel José Henriques realçou que «um povo que nega a sua história, as suas origens e que não é capaz de se emocionar com o seu passado, por mais desenvolvido que seja, não merece o direito a essa existência». Foi então que todos os regimentos – português, espanhol, inglês e francês – se deslocaram para o local do combate nas Portas de Santo António. Nesta batalha, demonstrativa de algumas tácticas de guerra da época, tropas anglo-lusas, milícias e Ordenanças Portuguesas e Tropas Napoleónicas, defrontaram-se ferozmente. Enquanto os espanhóis lançavam gritos de “no passarás” para os franceses, estes forçavam a entrada. No campo de batalha assistiu-se aos disparos de muitos tiros de espingarda, canhões e mesmo combates corpo-a-corpo com baionetas. Tudo a fingir, claro. De resto, quando tudo parecia apontar para um sucesso nacional, eis que o paiol do castelo explodiu, alterando o rumo dos acontecimentos. Com os franceses a lançarem toneladas de destroços sobre as nossas forças morreram cerca de 1.500 pessoas entre civis e militares, destruindo a capacidade defensiva da praça e levando à rendição das forças nacionais. Isto em 1810, porque agora, apesar dos muitos tiros, ninguém morreu. No entanto, entre a numerosa assistência houve quem, certamente empolgado pelo ambiente “explosivo” recriado, dissesse que «isto tinha piada era se morressem dois ou três». Porém, felizmente, nem toda a gente era da mesma opinião: «Ainda bem que não morreu ninguém. Gostei muito. Nunca tinha visto uma coisa assim», afirmou Manuel de Jesus, vindo de Santarém.

A rendição das tropas lusas foi então feita formalmente pelo comando da guarnição da praça e pelo comando francês, de acordo com as leis e as regras de honra de guerra da época. Pelo meio ainda houve tempo para um pequeno susto com o fogo a atear na erva seca do cenário da batalha, mas a pronta intervenção dos militares não deixou que as chamas se propagassem. No final, “ressuscitados” os mortos e tratados os feridos, todos os soldados se reuniram e gritaram em conjunto vivas a Almeida, Portugal, Espanha e França. Depois da entrega de medalhas a todos os participantes, seguiu-se uma missa campal em frente à Câmara de Almeida. Esta foi a revisitação histórica do dramático cerco da vila de Almeida, que ocorreu antes da Batalha do Buçaco, durante a Terceira Invasão Francesa em 1810, numa iniciativa da autarquia local.

No dia anterior, entre outras actividades, realizou-se a recriação do Combate da Ponte do Côa que a 24 de Julho de 1810, opôs Anglo-Lusos e Franceses nas margens do Rio Côa. À noite, recriou-se um combate nocturno com fogo de artilharia nas muralhas e baluartes e com infantaria pelas ruas de Almeida. Este foi um dos momentos altos do evento, em que o inimigo tentou forçar a entrada na Praça de Almeida, dando origem a um renhido combate de fuzilaria, bala rasa e lanterneta de canhão e terçar de baionetas.

Ricardo Cordeiro

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