O termo Baby-Led Weaning (BLW) diz respeito à introdução da alimentação complementar guiada pelo bebé, uma abordagem relativamente recente para a introdução dos alimentos sólidos. O BLW tornou-se popular em Portugal e por todo o mundo e há cada vez mais famílias curiosas ou adeptas deste método. Na última década foram publicados centenas de artigos científicos e houve uma tomada de posição formal em relação ao BLW pelas sociedades de Pediatria em vários países.
Apesar da quantidade de informação encontrada sobre o tema, este método ainda gera muitas dúvidas que são importantes esclarecer.
O BLW baseia-se na premissa de que os bebés são capazes de autorregular a sua ingestão de alimentos desde o início da diversificação alimentar, sem que seja necessário o recurso aos purés ou papas oferecidos à colher pelos cuidadores, como acontece no método tradicional. Os bebés são encorajados a explorar os alimentos sólidos, pegando, mordendo e mastigando os alimentos que lhes são oferecidos. São também capazes de controlar o que comem e quanto comem do que lhes é colocado à disposição. A refeição em família é outro dos princípios do método. A altura ideal para iniciar é a partir dos 6 meses de idade, quando a maioria dos bebés já desenvolveu a capacidade de se sentar com apoio, apresenta coordenação óculo-manual e oromotora e demonstra interesse pelos alimentos.
No entanto, o BLW original defende a total autonomia do bebé para conduzir a sua alimentação, com a sua participação exclusiva desde cedo, sem interferência/ajuda dos cuidadores, e a utilização exclusiva de “fingerfood”. Este método mais radical levantou algumas preocupações, nomeadamente nutricionais, com a energia consumida e com o risco de engasgamento. Assim, o método foi sofrendo algumas modificações com o objetivo de o tornar mais seguro. Atualmente, quando falamos de BLW, estamos a falar de um método adaptado/modificado. As principais adaptações são a introdução de pelo menos um alimento rico em ferro e de um alimento com elevado teor energético em cada refeição e a preparação adequada dos alimentos, de forma de evitar o engasgamento.
Em comparação com o método tradicional, estudos mais recentes não revelam diferenças significativas para variantes do BLW, nomeadamente no que respeita aos nutrientes e às calorias ingeridas. O risco de engasgamento, que é uma das maiores preocupações na consulta, é maior no método BLW se o tipo de alimentos oferecidos não for apropriado para as capacidades do bebé. Pelo contrário, quando a oferta de “fingerfood” é menos regular, o risco de engasgamento aumenta.
Para concluir, não parece existir evidência científica suficiente para a recomendação de um método em detrimento do outro. O melhor é aquele que se adequa às necessidades de cada bebé e família. Em ambos os métodos devemos respeitar os sinais de fome e saciedade, promover a mastigação e adaptação aos sabores e às texturas e a refeição em família.
* Pediatra no Hospital CUF Viseu e no Hospital CUF Coimbra
N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.