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Cavaco Silva lamentou morte dos seis bombeiros

Cavaco Silva lamentou a morte dos seis bombeiros falecidos no incêndio de Famalicão da Serra, transmitindo os seus pêsames às famílias de Sérgio Rocha e dos cinco sapadores chilenos. Numa mensagem divulgada na segunda-feira, o Presidente da República manifestou toda a sua «solidariedade amiga», deixando «uma dolorosa palavra de muita coragem» às famílias dos bombeiros mortos, à embaixada do Chile, à corporação de Gonçalo e a todos os bombeiros portugueses. «Independentemente das causas do trágico acidente da Guarda que se venham a apurar, o Presidente da República não pode, neste momento de tristeza e reflexão, deixar de sublinhar o denodo no cumprimento da sua missão daqueles a quem o cumprimento do dever agora custou a própria vida», lê-se no comunicado. Cavaco Silva destacou «o perigo muito real que correm todos aqueles que se entregam ao combate aos fogos e ao socorro dos demais, muito em particular os bombeiros, e o quanto estes merecem de todos os portugueses o respeito e a admiração, a ajuda sem limites». O chefe de Estado lançou ainda um apelo aos portugueses para que adoptem «uma atitude absolutamente responsável e cuidadosa de cada um face ao perigo de incêndio».

Chilenos tinham entre 22 e 30 anos

O embaixador do Chile em Lisboa, Francisco Perez, disse na última segunda-feira à Lusa que os corpos dos cinco técnicos florestais chilenos, com idades compreendidas entre os 22 e os 30 anos, vão ser trasladados durante esta semana para aquele país. «Durante esta semana vão ser trasladados para o Chile num voo via Madrid», afirmou Francisco Perez, adiantando que a embaixada está em «permanente contacto com as autoridades portuguesas» e com a Afocelca. Segundo o embaixador, «a embaixada contactou a empresa no Chile, que informou pessoalmente os familiares», referiu. De acordo com o embaixador, estavam a trabalhar em Portugal 20 bombeiros chilenos.

Segundo acidente mortal com sapadores chilenos em três anos

O incêndio de Famalicão da Serra foi o segundo acidente mortal em três anos no nosso país com elementos daquelas equipas helitransportadas, consideradas das mais eficientes do mundo na prevenção e combate de fogos. Em Agosto de 2003, na Chamusca, distrito de Santarém, dois sapadores chilenos da Afocelca, associação de empresas do sector papeleiro e de celulose, morreram no combate a um incêndio, em circunstâncias aparentemente semelhantes às do último domingo. «Foram largados de helicóptero num incêndio e acabaram por ser rodeados pelas chamas. Dois não conseguiram fugir e morreram», afirmou à Agência Lusa o presidente da Câmara da Chamusca, Sérgio Carrinho. A Afocelca, criada em 2002 para proteger o património próprio em caso de incêndios florestais, está vocacionada para trabalhar na área da detecção e primeira intervenção, mas também no apoio ao combate e ao rescaldo de incêndios florestais. Este ano, segundo Pedro Moura, responsável da associação, as 57 brigadas de sapadores florestais da associação – entre as quais três helitransportadas constituídas por 18 sapadores chilenos – integram, pela primeira vez, o dispositivo nacional de prevenção e combate, no âmbito de uma «relação mais estreita» com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. As três brigadas de sapadores chilenos, constituídas por cinco elementos mais um de substituição, estão sedeadas em Penamacor (Castelo Branco), Tramagal (Abrantes) e Valongo (Porto) e deslocam-se de helicóptero. Actuam predominantemente em primeira intervenção, utilizando utensílios manuais, através do desbaste da área que circunda as chamas e limpeza de matéria combustível. A Afocelca contrata os especialistas chilenos desde que foi criada, garantindo que as características de parte da floresta daquele país sul-americano «são idênticas» às verificadas em Portugal. «E a técnica simples utilizada [por aqueles técnicos chilenos] faz todo o sentido ser aplicada no nosso país», afirmou Pedro Moura. «O sistema de prevenção e combate a incêndios chileno é tido como dos um dos mais eficientes em termos mundiais. Remonta aos anos 60 o pressuposto que os incêndios não são apagados só com água», acrescentou. Para além das brigadas helitransportadas, coordenadas a partir da sede da Afocelca na Figueira da Foz, por dois elementos de apoio, também eles chilenos, as 54 brigadas terrestres actuam em mais de 200 concelhos do país, num total de cerca de 400 pessoas.

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