Sociedade

CARM vai construir adega para vinhos topo de gama da Beira Interior

Celso
Escrito por Carlos Gomes

Celso Madeira, proprietário da Casa Agrícola Roboredo Madeira, acaba de completar 90 anos de vida
e continua a trabalhar

A sua história é feita de experiências, autenticidade e paixão pela terra, com alicerces no passado e vista para o futuro.
Celso Madeira, proprietário da Casa Agrícola Roboredo Madeira (CARM), acaba de festejar 90 anos e garante que «o esforço e dedicação valeram a pena porque os resultados estão à vista». Sob a sua orientação, o negócio foi crescendo ao longo dos anos e, mantendo os valores tradicionais, soube adaptar-se aos novos tempos, tornando-se uma referência no setor dos vinhos e do azeite. Localizada em Almendra, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, a CARM é uma empresa familiar e com uma longa história na produção de vinho e azeite de grande qualidade do Douro e Beira Interior. Apesar da casa da família já estar na região desde o século XVII, a produção para comercialização só começou em 1999 com a criação da Casa Agrícola Roboredo Madeira.
O projeto nasceu quando Celso Madeira se reformou. «Pensei que alguma coisa tinha de fazer com os terrenos que possuía e acabei por arriscar», recorda o engenheiro civil de profissão. «Foi nessa altura que decidi potenciar o património agrícola da família. Comecei por tratar das terras que já tínhamos, comprar outras e, quando chegámos a um patamar que nos permitiu produzir, transformar e comercializar azeite e vinho, decidimos criar a CARM», acrescenta. Hoje, o empresário considera que «todo o esforço valeu a pena» e que não há motivos para queixas porque «sempre tivemos um crescimento sustentável e contínuo».
O fundador da CARM faz questão de sublinhar que a empresa continuou a trabalhar de uma maneira que, «para mim, é agradável, com respeito pela natureza e sem qualquer espécie de fanatismos». «Fomos talvez pioneiros em Portugal a fazer agricultura biológica numa escala já bastante grande. Em 1993 estávamos a fazer cerca de 200 hectares de agricultura biológica, quando praticamente ninguém sabia o que isso era», refere, adiantando que a empresa também está a cumprir a sua função social, arranjando trabalho e criando riqueza. «Temos pessoal dedicado que tratamos o melhor que podemos e, em contrapartida, eles também estão satisfeitos e são dedicados. Vestem a camisola, como se costuma dizer, e os resultados são bons», elogia Celso Madeira.
A produção de azeite pela família de Celso Madeira começou em 1998, a partir dos seus olivais à volta da localidade de Almendra. «A decisão de produzir azeite resultou das necessidades e gostos do mercado internacional», afirma, admitindo que não foi preciso esperar muito para obter resultados. No primeiro ano em que concorreu a um concurso de azeites DOP obteve a melhor pontuação de todos os concorrentes nas várias vertentes. Seguiram-se inúmeros prémios em concursos nacionais e internacionais. A produção de vinho chegou mais tarde e «só aconteceu por razões económicas», uma vez que «o custo dos investimentos era muito maior e as ajudas financeiras da Europa foram muito importantes», declara o empresário.
Desde a sua criação, em 1999, a CARM não tem parado de melhorar as vinhas e fazer novas plantações – a vinha mais antiga tem cerca de 100 anos. Em 2004, a Casa Agrícola Roboredo Madeira construiu uma nova adega na Quinta das Marvalhas, na fronteira do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI). Equipada com novas tecnologias, linha de enchimento e rotulagem, a nova adega acrescentou condições de excelência a todo o processo produtivo. O reconhecimento internacional não tardou. Em 2010, o CARM Douro Reserva 2007 ocupava o nono lugar da lista dos 100 melhores vinhos do mundo, elaborada pela prestigiada revista “Wine Spectator”.
As distinções e reconhecimento da qualidade dos vinhos e azeites por parte de especialistas nacionais e internacionais têm sido uma constante. Celso Madeira reconhece que o Douro proporcionou «bons resultados» ao longo dos anos, mas destaca que «a certa altura apareceu uma outra janela de oportunidade que está a revelar-se: os vinhos da Beira Interior». Nessa perspetiva, o empresário revela que a CARM está «a pensar construir, num horizonte de três a quatro anos, uma “Adega-boutique” especializada na produção de vinhos topo de gama da Beira Interior. É uma aposta a sério na Beira Interior».

 

Carlos Gomes

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