Gregor Mendel, monge checo agostiniano, adotou o nome de Johann ao pronunciar os votos perpétuos na abadia de São Tomás, em Brno, à época situada no território do Império Austro-Húngaro. A vocação religiosa permitiu-lhe aceder a uma carreira académica num ambiente em que o estudo era visto como o expoente máximo da oração.
No período que decorreu entre 1856 e 1863, Mendel cultivou e analisou cerca de 28.000 plantas de ervilheira-brava no terreno do mosteiro onde residia. Transformou o local num laboratório, forjando uma das revoluções mais importantes da história da Ciência. No estudo da ervilheira-brava focou-se nalgumas características facilmente reconhecíveis como, como exemplo, a cor das flores, e analisou as descendências de cruzamentos entre plantas selecionadas. Após anos de estudo, chegou à conclusão que cada uma das características estudadas era determinada por duas cópias de um fator hereditário de cada uma das duas plantas progenitoras.
Em 1866, estas conclusões foram transpostas para um artigo científico com o título “Experiências sobre a hibridação das plantas”, teve um impacto residual. Mereceu apenas três referências nos 35 anos seguintes. Na tentativa de que o seu trabalho fosse reconhecido junto da comunidade científica enviou cópias do artigo aos cientistas mais famosos da Europa, convidando-os a verificar a sua descoberta com novas experiências. Contudo, raros foram os que mostraram interesse pelo trabalho do monge checo.
À medida que a idade avançava, Mendel foi-se, progressivamente, afastando de família e amigos, acabando por morrer vítima de uma nefrite aguda.
Vinte anos após a sua morte provou-se que os fatores hereditários tinham uma base material: os genes estão presentes nos cromossomas, controlam as características de um indivíduo e transmitem-se de pais para filhos. Na transição do século XIX para o século XX, três cientistas, Hugo de Vries, Carl Correns e Erich von Tschermak, que trabalharam de forma independente, reproduziram os resultados de Mendel. No segundo quartel do século XX (1930), com a aplicação estatística na interpretação da genética, o trabalho do matemático inglês Ronald Fisher integrou a teoria de Mendel numa perspetiva mais ampla, demonstrando que ela era válida para as ciências biológicas e médicas.
Um monge no laboratório
“Após anos de estudo, chegou à conclusão que cada uma das características estudadas era determinada por duas cópias de um fator hereditário de cada uma das duas plantas progenitoras.”