Sociedade

Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque abre loja social

Escrito por Efigénia Marques

Projeto sugerido por encarregado de educação foi concretizado por alunos do 10ºA com o apoio de professores e está aberto à comunidade guardense

Ajudar quem precisa é o mote da loja social que abriu portas esta segunda-feira no Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, na Guarda. O projeto foi sugerido por um encarregado de educação à direção e mobilizou os alunos do 10º A na angariação de bens alimentares, roupa, calçado e brinquedos junto da comunidade escolar, dos pais e de alguns estabelecimentos comerciais da cidade.
Promover o voluntariado, a solidariedade e a partilha foram os objetivos desta iniciativa levada a cabo na disciplina de Cidadania. «Surgiu da identificação de um problema que há na escola, e na sociedade em geral. Sempre fizemos aqui a recolha de alimentos, de roupas e temos tentado, pelo menos no Natal, pôr em prática este sentimento, mas não desta forma tão incisiva», sublinha Luísa Fernandes, responsável pela loja social. A professora diz-se «espantosamente surpreendida» com o trabalho dos alunos, que organizaram uma campanha solidária na comunidade, foram aos supermercados recolher donativos e serão também quem vai dinamizar o espaço. «Eles estão a fazer um trabalho brutal. Catalogaram tudo, tiraram fotografias aos bens e roupas que temos e criaram um ficheiro com o que há disponível e onde constará também o que for doado», elogia a docente.
A loja social da Afonso de Albuquerque, que se situa na sede do Agrupamento, na Avenida Dr. Afonso Costa, vai funcionar «uma hora ou hora e meia», de segunda a quinta-feira, sempre no período da tarde. «Qualquer pessoa pode fazer donativos. Penso que os alimentos são neste momento o mais necessário, porque estamos a ver que há muita dificuldade escondida, aquilo que chamam de miséria envergonhada», afirma Luísa Fernandes. Para o “recheio” da loja social contribuiu ainda o desfile “Vestir os Valores”, realizado na passada sexta-feira, onde os adultos pagaram um preço simbólico de um euro e os jovens puderam contribuir com donativos. A opção tinha dois objetivos: «Recebíamos um bem e os miúdos acabavam por tomar consciência da importância de dar, de contribuir para o bem-estar dos outros», justifica Luísa Fernandes, adiantando que o evento «superou as expetativas» após não se ter realizado nos últimos quatro anos.
A partir de agora, qualquer pessoa que se encontre «numa situação de carência» pode ir à Afonso de Albuquerque solicitar ajuda. «Temos também alguns produtos que vão ser vendidos a preços simbólicos porque são novos, de qualidade, e que as lojas ofereceram», acrescenta a responsável, que espera que o projeto possa também ajudar causas extraescola. José Carvalho, diretor do Agrupamento, não esconde «o orgulho» por concretizar um projeto inédito em meio escolar. «Será a primeira loja a funcionar dentro de uma escola, mas era um passo que tínhamos que dar. O nosso trabalho de voluntariado e solidariedade já era uma realidade, mas sentimos que ficava curto porque não contactava verdadeiramente com as necessidades da comunidade – e elas existem, são dos nossos alunos e das suas famílias, mas não só», considera.
O diretor acrescenta que a loja social é «uma marca» desse trabalho no Agrupamento, mas tem o condão de proporcionar aos alunos «o contacto direto com toda a dimensão do voluntariado – e esse é o maior valor desta iniciativa». José Carvalho confessa ter ficado «surpreendido e orgulhoso» com a adesão dos alunos, que já estão habituados a participar em movimentos de recolha e angariação de bens. «Mas o desafio era manter este compromisso, fazê-lo perdurar no tempo. A melhor das minhas expetativas era conseguir abrir a loja um dia ou dois e ela vai estar aberta praticamente toda a semana com alunos de várias turmas, de vários anos», realça, reforçando que o espaço estará aberto «a toda a gente que precise».
Da parte dos alunos, Carolina Martins, aluna do 10º A, explicou o trabalho dos jovens, nomeadamente a ida aos supermercados para recolher bens e a abordagem das pessoas para fazerem donativos. «A adesão foi muito boa», afirmou, enquanto a colega Helena Miguel sublinhou que o desafio começou com uma campanha na escola no Natal, no âmbito da disciplina de Cidadania. «Escolhemos o tema dos direitos humanos e queríamos estar em contacto e ajudar as pessoas que mais necessitavam, acho que conseguimos», afirmou.

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Efigénia Marques

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