Cara a Cara

«Ver, um dia, um texto meu ganhar vida no ecrã ou no palco de um teatro seria uma enorme honra»

Cara
Escrito por Efigénia Marques

P – O que é o “SWN Short Film Screenplay Competition Winter” e o que o levou a concorrer? R – Trata-se de uma competição de argumentos cinematográficos de curtametragem organizada por profissionais da indústria, à semelhança de outras do género às quais também concorri e que ainda estão a decorrer. O que me move é o meu “sonho” em querer ver uma das minhas estórias produzidas no grande ecrã. Como autor, considero que ter a oportunidade de um dia ver um texto meu ganhar vida, seja no ecrã ou no palco de um teatro, por meio de atores, realizadores, encenadores, compositores, entre tantos outros profissionais, seria não só uma enorme honra, como o apogeu desta atividade.

P – De que trata o argumento “Definition of Love” com que concorreu? R – É uma curta de 22 páginas, uma estória de amor entre um rapaz e uma rapariga, ambos “amaldiçoados” com personalidades incomuns e falsamente estereotipadas, cuja consequência é a dificuldade que têm em conhecer alguém especial: ela é uma atraente modelo, cujo estereótipo atrai mulherengos desinteressantes, só que afinal é introvertida e “geek”; e ele, por ser também atraente, afasta as mulheres que o veem como um mulherengo, só que afinal é o contrário e até é tímido e “nerd”. Ao conhecerem-se através de uma aplicação de encontros desenvolvem uma química muito forte, no entanto, por ela só ter atraído homens errados que a viam como um mero objecto, tem um bloqueio emocional que a faz autossabotar-se e recusar relacionamentos novos, levando-a a afastar-se. Numa luta contra o tempo, que ameaça com o esquecimento desta ligação especial, ela procura na terapia uma “cura” e ele, sem saber do seu paradeiro, prossegue com a sua vida mantendo uma esperança que se vai desvanecendo. O título “Definição do Amor” surgiu porque cada um terá de encontrar nessas suas “lutas” as suas próprias definições do que é o amor. Trata-se, portanto, de uma estória que aborda estereótipos e problemas muito incomuns e raramente retratados.

P – O que falta para esse argumento vir a ser filmado? Já foi abordado nesse sentido? R – Neste momento o argumento está disponível para ser adquirido por produtoras. Este tipo de concursos é importante para, por assim dizer, “separar o trigo do joio”. Quanto mais longe um argumento chegar mais visibilidade receberá aumentando a probabilidade de ser comprado e produzido, isto porque os júris que avaliam os argumentos são compostos por profissionais da indústria. Para além de concursos, também existem listagens que são consultadas frequentemente por produtoras em busca de novas estórias para os seus próximos filmes ou séries, ou anúncios em busca de argumentos com determinadas características. Pelo facto de estar inscrito em plataformas que permitem estes tipos de contacto, tendo este argumento recebido uma distinção e continuando a ser divulgado, espero um dia receber uma abordagem nesse sentido!

P – O que o inspira na escrita de argumentos? R – Depois de ter trabalhado 30 estórias originais, que foram surgindo ao longo destes últimos anos e que deram origem aos meus livros, a minha inspiração está focada principalmente nesses meus contos, ou seja, em escrever adaptações dos mesmos para longas-metragens. Embora este argumento tenha sido uma exceção, porque foi uma curta original que surgiu como uma inspiração ocasional que senti que deveria ser passada para o papel, e essas inspirações podem surgir das mais variadíssimas formas: uma notícia, uma curiosidade, um documentário, uma conversa com alguém, observar pessoas ou a natureza; um pequeno detalhe pode dar origem a um longo filme.

P – Qual é o seu próximo projeto? R – Para já vou continuar a adaptar os meus contos ao cinema ou à televisão e a submetê-los em competições ou listagens na esperança de os ver concretizados. Ainda estou a descobrir aos poucos como funcionam os “bastidores” desta indústria, só comecei a escrever em inglês e mais “a sério” há pouco mais de um ano e, pelo que sei, todo o processo desde que se apresenta um texto até que chega ao ecrã pode levar imenso tempo, seja a tentar “chamar a atenção” de alguma produtora que ainda não tenha reparado nalgum argumento nosso, seja a entrar em contacto diretamente com profissionais da indústria que num determinado momento estão à procura de projetos com características semelhantes a algo que já tenhamos escrito.

Carlos Galinho Pires Autor e argumentista laureado no “SWN Short Film Screenplay Competition Winter 2022”

Idade: 35 anos Naturalidade: Guarda Profissão: Engenheiro informático Currículo:Mestre em Engenharia Informática e Computação pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; Engenheiro de software na Critical Manufacturing; Iniciou a atividade profissional no Centro para o Desenvolvimento da Linguagem da Microsoft (MLDC), onde ganhou dois prémios de inovação tecnológica e participou em diversos projetos nacionais e internacionais de investigação, relacionados com o desenvolvimento de novas interfaces para auxiliar idosos, invisuais e pessoas com mobilidade reduzida; Estudou piano e saxofone no Conservatório de Música da Guarda e na Escola de Jazz do Porto; Frequentou alguns cursos de escrita; Publicou três livros da coleção “De Conto a Romance” e participou em coletâneas como coautor; mais recentemente, tem-se aventurado na escrita de peças teatrais e argumentos cinematográficos. Livro preferido: “Terra – A Herança dos Deuses”, de Alcides Ferreira Filme preferido: “Matrix” Hobbies: Escrever, ver filmes e séries, jogar videojogos, tocar música, praticar ciclismo e ler.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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