Passou muito mais de uma década desde que a Guarda ficou privada do seu Hotel Turismo. Este acontecimento motivou uma discussão acesa na sociedade civil e principalmente na classe política. Compreende-se, dada a importância do Hotel e o seu forte simbolismo, a sua história, a sua beleza, a sua função social. Este encerramento provocou, por isso, uma comoção generalizada nos guardenses, uma vez que o Hotel fazia parte da nossa identidade coletiva desde meados do século passado. Inaugurado na década de 40, trata-se de uma construção icónica, de valor histórico e simbólico reconhecido, do arquiteto Raúl Regaleira. Um belo edifício alinhado com o perfil urbano da cidade mais alta.
Ocorreram diversos episódios que ficaram na memória dos guardenses, como «o não pague», relembrando o apelo de um ilustre militante do PSD, e, note-se, futuro presidente do município, ao seu líder, no ano de 2012. Todos nos recordamos das conferências de imprensa realizadas nas escadas do Hotel Turismo, anunciando a solução, em tempos idos, de governos autárquicos do PSD. Mais recentemente, o atual presidente da Câmara (e anterior vereador dos executivos do PSD) anunciou que pretendia que o Hotel fosse devolvido à autarquia e aventou diversas hipóteses para o equipamento, estando completamente a leste da solução encontrada. Uns escreveram e outros vociferaram nas páginas dos jornais, nas reuniões de Câmara, nas Assembleias Municipais e na Assembleia da República. Mas nunca foi feito um caminho que desse esperança, que encontrasse uma solução que honrasse os incontestáveis pergaminhos históricos do Hotel e servisse uma estratégia de desenvolvimento para a cidade e para a região. Muitos falaram, falaram e prometeram, mas nunca foram capazes de definir uma estratégia que resultasse na solução definitiva.
Sim, o Hotel Turismo continua a fazer muita falta à Guarda, à região e ao turismo. E faz falta também a sua antiga beleza como edifício, o seu elegante perfil, hoje em triste estado de degradação. Uma situação que todos nós sofremos interiormente, lembrando-nos da sua beleza e da sua função social na nossa cidade.
E foi por ter consciência disso, das suas múltiplas valias, que o Governo do Partido Socialista foi capaz de, nas últimas eleições legislativas, anunciar e, agora, concretizar aquele que será o modelo de reabilitação do Hotel Turismo da Guarda: a sua integração na rede de Pousadas de Portugal. É a melhor solução que se poderia encontrar para o Hotel e para a Guarda. Vamos agora ter um equipamento de referência, em linha com o que era o Hotel à data da sua inauguração, no século passado. Saliento que já no final do mês de novembro anunciei esta solução para Hotel Turismo da Guarda.
Esta solução foi trabalhada e negociada pelos representantes do PS do distrito, que tiveram a arte e o engenho de dialogar com o Governo para garantir uma boa solução para um problema que se vinha arrastando e que parecia não ter fim à vista. Convém lembrar que Ana Mendes Godinho nunca desistiu de encontrar uma solução para o Hotel. A sua influência e a sua perseverança foram determinantes para levar a bom porto o projeto de requalificação e de enquadramento do Hotel. E, como diz o ditado popular, “o seu a seu dono”, à senhora ministra o reconhecimento devido e o nosso obrigado.
Assim, na passada semana, chegou finalmente o anúncio da decisão. Não podia ser melhor. O Hotel Turismo da Guarda vai ser integrado na rede de Pousadas de Portugal dando dignidade a um equipamento que foi considerado pelo senhor ministro da Economia como «uma das joias» imprescindíveis para o desenvolvimento do turismo da cidade e da região. Uma palavra de reconhecimento também a António Costa Silva.
Todos nos lembramos do “glamour” deste hotel, com as suas grandes festas, conferências, colóquios, lugar sofisticado de acolhimento de ilustres visitantes, desejando que estes tempos passados possam ser projetados, com energia, criatividade, sensibilidade e espírito empreendedor no futuro do novo Hotel Turismo da Guarda.
Que 2024 seja o ano da reinauguração deste majestoso hotel.
* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda e líder da concelhia socialista da Guarda