É felizmente quase unânime o juízo positivo que os portugueses fazem do regime democrático e de liberdades públicas em que Portugal vive há quase meio século. E são também visíveis os progressos sociais, económicos e culturais decorrentes da adesão de Portugal ao projeto europeu a partir dos anos 1980.
Todos os indicadores disponíveis são provas cabais do muito que se progrediu. Portugal afirmou-se como um país desenvolvido em que mais de metade dos jovens entram hoje, todos os anos, no ensino superior. Há, no entanto, uma consciência que também é bastante unânime: era possível ter feito melhor.
Como não se pode mudar o passado, resta o imperativo cívico e ético de melhorar o presente e o futuro. Quem tem a lucidez da autocrítica – essa qualidade que falta aos autocratas e aos populistas de extrema-esquerda e de extrema-direita – sabe que é possível fazer melhor. Ora, é preciso ter ambição e trabalhar para criar condições para isso.
Este é o ideário da SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social), a qual vai passar a ter na Guarda, a partir de outubro de 2022, um conselho distrital que juntará algumas das figuras mais dinâmicas da sociedade, da economia, da cultura, da ciência e do conhecimento desta região. É para mim uma honra poder fazer parte deste grupo inicial, politicamente transversal, que irá promover os debates e os estudos de que esta região precisa para definir o seu futuro.
Em agosto passado a SEDES apresentou um livro com a sua «visão estratégica para o país» no âmbito do congresso comemorativo dos seus 50 anos: “Ambição: Duplicar o PIB em 20 Anos”, é o título. Através do seu presidente, Álvaro Beleza, e do coordenador do livro, Abel Mateus, a SEDES tem sido clara a sublinhar que Portugal, para ultrapassar o patamar intermédio de desenvolvimento em que se encontra há quase três décadas, tem de fazer alguns sacrifícios e adotar políticas de rutura cujos benefícios só de revelarão totalmente no médio e longo prazo.
“Ambição” – é essa a palavra-chave! Ambição para Portugal, mas também ambição para a região da Guarda. Esta região, tal como todo o interior, tem custos de contexto que tornam tudo mais difícil – mas também recebido muitos apoios, nacionais e europeus, e tem muitos mais ao seu alcance.
A Guarda necessita de ambição, de usar as suas reais capacidades para conseguir, por mérito próprio, os objetivos que a sua comunidade colocar a si própria. Sem lamúrias e com vontade de vencer. De forma democrática, ouvindo todos. Incluindo todos.
* Dirigente sindical