Verão

Fogo, queimados, Sol a rodos, os graus de gravidade, as ocorrências, os salvamentos, o vigiado e o selvagem, o nudismo, as arribas e os penedos que tombam. O Verão tem milhões à solta, seja dinheiro, seja gente, seja hormonas, jovens com desejos impúdicos e controlados, contidos ou não. O Verão da prevenção seria melhor que o do tratamento, da proteção. Proteger é, na política do lucro, muito melhor que prevenir, sobretudo quando os euros jorram sobre os bombeiros, sobre os helicópteros, sobre os hospitais, sobre as polícias. Agora vamos proteger os incautos, salvar da morte os acidentados, os que se colocam em perigo. Já agora filmem-se os acidentes e os mortos para dar audiências na TV. Prevenir é um ato de enorme importância que não dá lucro nem “prime-time”. Prevenção de fogos, ensino para uma vida com menos exposição ao risco, formação defensiva, maternidade vigilante, são coisas que impedem aborrecimentos. As ocorrências são uma série de fenómenos que podem e são monitorizados e, como tudo ganha padrões de previsibilidade, permite gráficos assertivos de previsibilidade. Isso é prevenir e compreender que a maioria dos acidentes é evitável. Um ensino permanente de que a criança não deve brincar na cozinha, não deve estar debaixo de uma arriba, não pode ir com fósforos para um mato espesso e seco. Prevenir é uma ação da lei, que multa o alcoólico que conduz, que repete à exaustão o risco do telemóvel na condução, que sinaliza e informa, mas o mais importante é monitorizar e vigiar e perceber as ocorrências. Sabemos porque tombam os idosos e insistimos em banheiras nas residências. Sabemos que há demasiados suicídios, mas não queremos apoios mais presentes para os altos riscos. Vem aí o Verão e sobem previsíveis ocorrências. O que se vai fazer? Untar os protetores e de novo esquecer os gestos de prevenir.