O Ayuntamiento de Fuentes de Oñoro está a divulgar o investimento de 9,5 milhões de euros num porto seco – “Área de Servicio”, em castelhano – que está a começar a ser construído junto à fronteira com Portugal, no quilómetro 347 da autoestrada A-62. Segundo o jornal “La Gaceta de Salamanca”, de 21 de abril, está em fase de adjudicação uma Zona Comercial Transfronteiriça de 100 mil metros quadrados (dez campos de futebol) distribuída por três setores.
A justificação que os espanhóis dão para este «investimento empresarial perfeito» é muito simples: «Fuentes de Oñoro é um epicentro logístico e comercial!»
Fuentes de Oñoro é uma terra, de facto, muito simpática – mas parte o coração a qualquer pessoa vê-la ultrapassar a Guarda como se nada fosse. Efetivamente, Fuentes de Oñoro está num epicentro logístico, junto à fronteira com Portugal. Mas o que dizer da Guarda, que não só está a poucos quilómetros dessa mesma fronteira, como é uma cidade média e tem atributos e qualidades logísticas sem comparação?!
A Guarda tem a confluência de três autoestradas: o IP2 Bragança-Guarda; a A25 Aveiro-Espanha e a A23 Lisboa-Guarda. Tem também a “concordância das Beiras”, a confluência ferroviária da Linha da Beira Alta e da Linha da Beira Baixa. E tem o interesse antigo do Porto de Leixões expandir a sua influência para a zona da fronteira de Portugal e Espanha, criando um eixo mercantil rodo-ferro-portuário entre a Guarda e a Área Metropolitana do Porto.
Ao pé disto, o que é Fuentes de Oñoro? Nada! E, no entanto, o porto seco de Fuentes de Oñoro vai à frente do Porto Seco da Guarda… Alguém aqui está a falhar. E não parece ser Fuentes de Oñoro.
Também não parece ser o Politécnico da Guarda, que na semana passada viu o Laboratório Colaborativo em Logística que lidera, obter um financiamento de 1,3 milhões de euros da Fundação para a Ciência e Tecnologia. O CoLAB LogIN é uma parceria do IPG com empresas e instituições públicas e privadas da área da logística e tecnologia para estudar e investigar os fluxos logísticos da região da Guarda, do país e da Europa. O IPG foi a instituição de ensino superior melhor classificada neste concurso, à frente na Universidade Nova de Lisboa, da Universidade do Minho, do Instituto Politécnico de Coimbra e do Instituto Superior Técnico.
Sérgio Costa, presidente da Câmara da Guarda, já deu os parabéns públicos ao IPG. Mas ele, não faz nada? Tem duas ministras da região no Governo e ele não faz nada? Como é possível a Câmara Municipal da Guarda deixar-se ultrapassar por Fuentes de Oñoro?
* Dirigente sindical