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Medicina subcutânea

mitocôndrias e quasares

Um dos legados da comunidade científica é procurar criar condições para que a passagem do indivíduo pela Terra seja o mais agradável possível. Para isso, muitos dos esforços intelectuais e económicos centram-se no desenvolvimento de novas metodologias a aplicar na saúde, no sentido de criar novos processos mais simples e o menos dolorosos possíveis para os doentes.

Uma destas novas tecnologias, criada por cientistas finlandeses, prende-se com o desenvolvimento de uma nova categoria de sensores subcutâneos, utilizados para monitorizar a saúde humana. Totalmente biocompatíveis, os novos sensores são minúsculos, têm longa durabilidade e transmitem os dados através de uma conexão sem fios, permitindo-lhes, deste modo, uma monitorização continuamente da saúde do paciente.

Estes sensores subcutâneos ao serem colocados abaixo da epiderme possibilitam, por uma lado, que o contacto seja mais estável e eficiente, e por outro eliminar grande parte da interferência electromagnética, responsável pela degradação do sinal.

A fiabilidade destes novos sensores deve ser um requisito fundamental para eficiência desta nova tecnologia sob pena de não trazer benefícios para os seus utilizadores. Desta forma, a parte electrónica deve possuir elevada durabilidade sob a pele, resistindo a condições de humidade desfavoráveis e até mesmo a ambientes corrosivos, sem nunca representar risco para a humana.

Grande parte desta fiabilidade é conseguida com uma nova geração de biomateriais que permitem revestir os sensores. Estes revestimentos biocompatíveis apresentam características interessantes, como a capacidade de serem personalizados para cada aplicação, ou ainda a possibilidade de incorporarem elementos funcionais, como é caso de uma película, que liberta antibióticos.

Outro requisito fundamental do sensor é o tamanho. Para que este acompanhe os movimentos do doente é necessário que o circuito electrónico, em especial, os chips tenham uma espessura menor do que 0,1 milímetro. Quando a placa electrónica é revestida por uma película finíssima e biocompatível, o sensor vai moldar-se de acordo com os movimentos do paciente, sem que este perca qualquer função.

Um dos últimos sensores a ser apresentado pela comunidade científica foi um minúsculo sensor de glicose sem fios. Desta forma, o nível de glicose do sangue pode ser lido por um equipamento portátil, sem a habitual pesquisa de glicemia capilar.

Este protótipo desenvolvido pela Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, tem a espessura de um fio de cabelo e é composto por uma barra central, cruzada por uma série de 10 barras de tamanhos decrescentes. O formato lembra uma harpa em miniatura.

As barras são feitas de um vidro metálico magnetoresistivo – um material que altera seu formato com a aplicação de um campo magnético e que gera um campo magnético quando muda de formato – recoberto com um polímero que reage a alterações na acidez do meio em que se encontra. O revestimento recebe ainda uma camada de uma enzima que reage com a glicose.

A cobertura sensível à acidez faz com que o dispositivo aumente ou diminuía de tamanho, alterando a sua massa de acordo com a acidez que o rodeia.

Quando um campo magnético externo é colocado próximo do sensor, ele vibra numa frequência que depende de sua massa. Uma bobina magnética pode ler o fluxo magnético do sensor e determinar a quantidade de glicose no sangue.

Estes novos sensores permitem perceber como a medicina em parceria com novas áreas do conhecimento procura “desbravar” uma floresta ainda muito pouco explorada…

Por: António Costa

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