É tempo de fazer um balanço ou pelo menos uma retrospetiva do ano que agora acaba. Um ano em que a pandemia foi, de novo, dominadora das nossas vidas e castradora de vontades e liberdades.
Depois de em 2020 o mundo ter parado perante o medo da Covid-19, com a chegada da vacina, há precisamente um ano, todos respirámos de alívio pela resistência conquistada, mas afinal não basta estarmos vacinados para sermos imunes ao vírus.
Este foi o ano em que fomos do pânico com os cuidados intensivos em rutura à euforia de sermos o país líder mundial da vacinação, com um vice-almirante a elevar-se como herói nacional pela magnificência da gestão logística da inoculação e com o Serviço Nacional de Saúde a responder com eficiência – Gouveia e Melo começou fardado com traje da marinha e indumentária militar, impondo respeito e disciplina, mas acaba o ano com pose sebastiânica de homem providencial com sede de vitórias e que se vê no papel de Presidente da República, contrariando tudo o que disse na fase em que mostrou mérito e foi merecedor de aplauso generalizado: foi a personalidade nacional do ano, mas acaba a desbaratar todos os créditos conquistados e merecidos.
Num momento em que voltamos a estar confinados, a trabalhar à distância, com as escolas fechadas e as crianças metidas em casa, chegámos ao final de 2021 com os mesmos receios com que tínhamos iniciado o ano. Com a certeza que o perigo foi minorado pela rapidez da ciência, mas com a incerteza de não sabermos se tudo vai ficar bem, especialmente para os que foram infetados ou para as crianças que agora podem até ser assintomáticas, mas cujas consequências sanitárias ainda são desconhecidas.
Mas o ano não foi apenas pandemia (mas pareceu). Enquanto os técnicos de saúde foram mostrando fadiga pelo novo coronavírus, os tratamentos das demais patologias ficaram em suspenso, com as dificuldades do SNS a virem de novo ao de cima. As autarquias tentaram voltar a ser motores da retoma, recuperando eventos e iniciativas, ainda que a meio-gás, enquanto as eleições autárquicas definiam o ritmo de dinâmicas nos concelhos. E a vida continuou, com a normalidade possível – das páginas 8 a 11 passamos em revista o que de mais destacado aconteceu na região.
Ao fazemos a revista do ano escolhemos Ana Mendes Godinho, Ana Abrunhosa, Joaquim Brigas, Mário Raposo, Rui Costa e Sérgio Costa como as Personalidades do Ano 2021 nas Beiras e Serra da Estrela – nomes que iremos colocar a votação no site ointerior.pt para os leitores elegerem o melhor de entre os melhores. A ministra do Trabalho e Segurança Social pela capacidade evidenciada na resposta à pandemia, sempre na primeira linha, com esforço e mérito. Ana Mendes Godinho foi determinante para que muitas empresas sobrevivessem e muitos postos de trabalho fossem mantidos e ainda teve tempo para dizer presente ao PS Guarda como candidata à presidência da Assembleia Municipal da Guarda. De uma resiliência extraordinária, Ana Abrunhosa não virou costas ao interior, nem se conformou perante as dificuldades, inventando e implementando medidas para gerir o declínio e dar nova vida aos territórios de que a maioria há muito desistiu. O presidente do Politécnico da Guarda não ficou à espera que a pandemia passasse e reinventou o lugar do IPG no centro do desenvolvimento regional. Joaquim Brigas chega ao final do ano com muitos projetos e caminhos para o crescimento da instituição e a liderança no desenvolvimento do distrito da Guarda. Mário Raposo foi eleito reitor da UBI e iniciou o mandato com as melhores perspetivas depois da Universidade da Beira Interior se ter afirmado no panorama nacional e nos rankings internacionais. O novel reitor promete dar continuidade ao trabalho realizado e pretende promover a influência da universidade no desenvolvimento da região. Já Rui Manuel Costa é o orgulho da nação! Depois de ter liderado o prestigiado Instituto Zuckerman, em Nova Iorque, o neurocientista da Guarda passou a dirigir o Instituto Allen, ligado à Microsoft, com sede em Seatle, e um dos maiores centros de ciência do mundo. Por último, Sérgio Costa foi a figura política do ano no interior! Conquistou a Câmara da Guarda como independente, correndo “por fora”, ganhando votos ao PSD e ao PS e confirmando que, nas autárquicas, os eleitores confiam nas pessoas e estão fartos da pegada partidária. Sérgio Costa tem muito para confirmar, mas tem o caminho aberto para muitos anos de liderança na Guarda.
Votos de um próspero ano de 2022, e cuidem-se!
O Ano da máscara
“Sérgio Costa foi a figura política do ano no interior! Conquistou a Câmara da Guarda como independente, correndo “por fora”, ganhando votos ao PSD e ao PS e confirmando que, nas autárquicas, os eleitores confiam nas pessoas e estão fartos da pegada partidária”