Economia

Custo da eletricidade ameaça finanças das empresas da região

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Escrito por Efigénia Marques

A subida constante do preço da eletricidade em Portugal nas últimas semanas está a fazer soar os alarmes nas unidades industriais da região.

Em Portugal, a eletricidade já custa 231,82 euros por megawatt hora (MWh), um novo máximo no preço que os consumidores terão de pagar às distribuidoras de energia. Se o consumidor doméstico vai começar a sentir este aumento na fatura final, as empresas, por serem consumidores maiores, já começam a antecipar as consequências deste aumento nas suas contas.
A Coficab, uma das maiores empresas do distrito, é também das que mais poderá vir a sofrer com a subida do preço da eletricidade, que «é o maior custo que temos, a seguir aos salários, mas é um dos custos mais importantes porque o nosso processo é de capital intensivo. Ou seja, não somos uma unidade em que a mão de obra intensiva é fundamental, apesar de ser importante, pelo que a eletricidade é um fator de competitividade em relação a outros concorrentes», justifica João Cardoso, diretor da Coficab Portugal, em declarações a O INTERIOR. Para prevenir um cenário de dificuldade nesta área para a multinacional de fios e cabos, a empresa fez uma compra adiantada de energia em junho. «Costumamos fazer isto até por uma questão de proteção e evitamos estar a comprar energia ao preço de mercado. Às vezes perdemos um bocadinho, mas assim sabemos com aquilo que contamos», adianta o responsável.
Isto significa que até junho de 2022 a empresa está «mais ao menos protegida», porque «a nossa energia já foi comprada em avanço», explica o diretor-geral da multinacional, segundo o qual se não tivesse sido feita essa opção «os lucros não seriam nenhuns porque só na fábrica de Vale de Estrela gastamos, em média, 250 mil a 300 mil euros de energia por mês. Portanto, três ou quatro milhões de euros por ano». No contexto atual, se a Coficab tivesse de comprar energia ao preço em vigor, que é quatro vezes superior do que há um ano atrás, «em vez de gastar quatro milhões passava a gastar 16 milhões de euros. Ou seja, a fábrica deixava de ter uma situação lucrativa porque todo o lucro iria para os sobrecustos», exemplifica João Cardoso.
Outro dos investimentos da Coficab tem sido apostar «fortemente na autogeração» a partir de energias renováveis. Nesse sentido, a unidade que existe na Plataforma Logística (PLIE) da Guarda «já é 30 por cento autossustentável». Mas para continuar a haver uma aposta nessa alternativa, João Cardoso reclama uma maior liberalização do setor, pois «ainda existem muitas regras que limitam a autoprodução» de eletricidade. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) também deveria ser um «assunto de máxima importância a nível económico e deviam-se criar apoios imediatos às empresas para apostar na autogeração», acrescenta o diretor da empresa guardense de produção de fios e cabos para automóveis.
«Uma terceira coisa que se podia fazer, mais a nível local, seria a criação de comunidades energéticas nos parques industriais que temos na cidade», pois com esses projetos haveria maior aposta nas energias renováveis e, consequentemente, «serviria também para captar investimento no futuro, porque se a nossa Câmara Municipal oferecer condições energéticas favoráveis aos parques industriais é um fator de atração de novas empresas», sublinha o diretor da Coficab. O INTERIOR também tentou contactar João Logrado, diretor da Olano Portugal, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer resposta por se encontrar fora do país.

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